Não construíste uma casa?
Eu sou a tua construção
E não plantaste árvore nenhuma?
Deita-te à minha sombra
Nem fizeste nenhum filho?
Toma-me nos teus braços
Deixa que eu seja o teu pão e sal da terra.
Ulla Hahn
versão de João Barrento
A Sede Entre Os Limites, ed. Relógio D'Água, 1992
quinta-feira, 26 de julho de 2012
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Medievo
Senhor meu amo, escutai-me,
a donzela espera por vós, no balcão.
Cuidai que não acorde os fâmulos
a paixão que estremece o vosso peito.
Os galgos estão inquietos, a alimária pateia.
Rogo-vos que vos apresseis.
Adélia Prado
Bagagem, ed. Guanabara
a donzela espera por vós, no balcão.
Cuidai que não acorde os fâmulos
a paixão que estremece o vosso peito.
Os galgos estão inquietos, a alimária pateia.
Rogo-vos que vos apresseis.
Adélia Prado
Bagagem, ed. Guanabara
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Adélia Prado
Amor Violeta
O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge o meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.
Adélia Prado
Bagagem, ed. Guanabara
de um vão entre as costelas.
Atinge o meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.
Adélia Prado
Bagagem, ed. Guanabara
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agora o verão
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Gato nocturno
à noite nos beirais
passeia-se a sereia
e a lua violada
sugere cada ideia
jogar à bisca entre os seios da donzela
implantar a anarquia
partir a trela
rasgar os cortinados
pular pela janela
ir cear anjos doces
com canela
josé martins garcia
Feldegato cantabile
ed. Paisagem, 1973
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quinta-feira, 12 de julho de 2012
Encontro
Da árvore vergada
chamei
pelo nome o peixe irado.
Tracei à volta da lua branca
uma figura, alada.
Veio-me o sonho caçador
que sonha cobrir a presa.
Castelos de nuvens sobre o rio,
é a minha voz,
luz de neve sobre as florestas,
é o meu cabelo.
Pelo céu sombrio
cheguei,
erva na boca, a minha sombra,
encostada à cerca de madeira, disse:
Leva-me de volta.
Johannes Bobrowski
Trad. João Barrento
Como um Respirar, ed. Cotovia, 1990
chamei
pelo nome o peixe irado.
Tracei à volta da lua branca
uma figura, alada.
Veio-me o sonho caçador
que sonha cobrir a presa.
Castelos de nuvens sobre o rio,
é a minha voz,
luz de neve sobre as florestas,
é o meu cabelo.
Pelo céu sombrio
cheguei,
erva na boca, a minha sombra,
encostada à cerca de madeira, disse:
Leva-me de volta.
Johannes Bobrowski
Trad. João Barrento
Como um Respirar, ed. Cotovia, 1990
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